O combate às lesões de pele e dermatites, decorrentes do uso prolongado de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), principalmente por profissionais da saúde, têm se tornado um verdadeiro desafio durante a pandemia do novo coronavírus. Mas, com dicas simples e cuidados redobrados, é possível prevenir esse tipo de problema, afirma a enfermeira Adriana Macedo, responsável pelo Núcleo de Educação Permanente da Associação Segeam (Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas).
De acordo com ela, há profissionais que passam até 12 horas utilizando os EPIs, atitude que tem ajudado a desacelerar a pandemia, evitando o aumento de casos e mortes pelo novo coronavírus e garantindo a proteção deles e também dos usuários da rede de saúde. Por outro lado, as consequências podem ser bastante incômodas. As lesões mais comuns, divulgadas nas redes sociais por médicos, enfermeiros, técnicos, entre outros, são na região do rosto (em especial, no nariz e ao redor dos olhos). Isso porque, as máscaras cirúrgicas e N95, por exemplo, comprimem a pele, vedando as vias respiratórias e evitando o contato com o vírus.
O uso dos óculos de proteção tem o mesmo efeito na região dos olhos, deixando marcas temporárias ou mais profundas, o que requer um tratamento por profissional especializado.
Ela destaca que manter a pele limpa, utilizar preferencialmente sabonete líquido com pH levemente acidificado e evitar água muito quente na hora do banho ou de lavar o rosto, ajudam a manter a pele protegida, mantendo seu equilíbrio. A hidratação diária também é importante. “Isso serve tanto para profissionais da saúde, quanto para a população em geral, já que a determinação das autoridades de saúde é que todos usem máscara em ambiente de convívio coletivo, sendo as de pano, as mais indicadas para o público externo às áreas de atendimento em saúde”, destacou.
Adriana ressalta que a hidratação da pele (em especial do rosto e das mãos) deve ser feita, preferencialmente, com produtos que contenham umectantes e substâncias de hidratação ativa e rápida secagem sem adição de lipídeos “oil free”.
No caso das luvas, o ideal é não usá-las por tempo muito prolongado. Isso ajuda a prevenir maceração e danos ao estrato córneo pelo excesso de umidade do suor. “Pessoas com dermatites de contato ou alergia a tecidos sintéticos devem dar preferência às máscaras feitas com tecido de algodão e sem tingimento”, frisou.
Outras recomendações são: evitar usar maquiagem por baixo da máscara; ter cuidado redobrado com a acne, pois a umidade causada pela máscara e o calor pioram as inflamações no rosto; realizar o alívio da pressão causada pelas máscaras caso necessário; utilizar diferentes modelos de máscaras ao longo do dia, para evitar a pressão em um só local durante muito tempo; utilizar compressas com camadas de gaze umedecida com água fria ou soro fisiológico para aliviar a vermelhidão e, ao surgirem lesões de pele, suspender a pressão pelo EPI e procurar a ajuda de um especialista, se possível.
Adriana Macedo destaca, ainda, que é possível proteger a região atingida pela pressão dos EPIs, como osso zigomático, região frontal, osso nasal, hélice auricular e região posterior da orelha, aplicando sob os equipamentos espuma de poliuretano, silicone, filme transparente ou placas de hidrocolóide extrafinas, “atentando sempre à vedação da máscara, pois a proteção não pode ser perdida”.