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Endometriose: 40% das mulheres podem ter dificuldades para engravidar

Quarenta por cento das mulheres com endometriose podem ter dificuldades para engravidar naturalmente, ou, apresentam infertilidade, apontam dados do Ministério da Saúde (MS).

Quarenta por cento das mulheres com endometriose podem ter dificuldades para engravidar naturalmente, ou, apresentam infertilidade, apontam dados do Ministério da Saúde (MS). O principal motivo é a ligação do tecido endometrial com as trompas, alteração que impede a passagem do óvulo para o útero. Neste mês é desenvolvida, em âmbito nacional, a campanha ‘Março Amarelo’, que busca conscientizar a população feminina sobre a endometriose e a importância de se procurar ajuda e o tratamento adequado para a promoção da qualidade de vida.

A endometriose é uma doença que atinge de seis milhões a oito milhões de brasileiras e 176 milhões de mulheres no mundo. Ela é caracterizada por inflamações provocadas por células do endométrio, um tecido que reveste o útero. Ao contrário do processo natural, em que elas são expelidas durante a menstruação, todos os meses, essas células voltam para os ovários ou se alojam na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a gerar sangramentos internos e externos, causando fortes dores que podem chegar a incapacitar a mulher para as atividades cotidianas.

Os principais sintomas são: sangue na urina e nas fezes, dores abdominais, dor durante as relações sexuais e desconforto pélvico frequente e progressivo. Já os fatores de risco incluem história familiar materna, malformações uterinas, menarca precoce, ciclos menstruais curtos e fluxo menstrual aumentado, além de IMC (índice de massa corpórea) baixo.

De acordo com a enfermeira obstétrica da Associação Segeam (Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas), Gizelle Cavalcante, é importante que mulheres que apresentam a alteração e desejam engravidar, tenham o correto acompanhamento multidisciplinar antes e durante o processo, pois a doença pode abrir um leque de possibilidades, dependendo de cada paciente e da extensão dela na pelve.

“Apesar das dificuldades, parte das pacientes consegue engravidar naturalmente, mesmo sofrendo de endometriose. Já uma outra parcela precisa primeiro tratar o problema com medicamentos e até cirurgias, para reduzir os impactos das inflamações e, assim, conseguir chegar a uma gestação. Há, ainda, as que têm a capacidade reprodutiva comprometida em decorrência da doença, que é considerada crônica e de progressão natural conforme a chegada do período da menopausa”, frisou.

Grande parte das mulheres com endometriose que conseguem engravidar naturalmente, não apresenta problemas na gravidez. Isso porque, durante a gestação o organismo libera níveis significativos de progesterona, hormônio que geralmente é usado no tratamento da endometriose. Assim, a inflamação no endométrio, causada pela alteração, tende a diminuir.

Já as que apresentam a forma mais intensa da doença, podem ter maior probabilidade de aborto, correm o risco de passar por partos prematuros, rupturas das veias que irrigam o útero, complicações relacionadas à placenta, maior risco de eclampsia e de necessidade de uma cesária.

“As grávidas com diagnóstico de endometriose, assim como as demais, devem garantir a realização do pré-natal com acompanhamento periódico de médico e enfermeiro obstetras, além de outros especialistas. É possível que nos meses finais de gestação e durante o processo de aleitamento materno, a doença acabe regredindo. Mas, há casos em que as dores acabam retornando após o parto e os sintomas acabam piorando”, completou.

De acordo com Gizelle Cavalcante, o tratamento da endometriose inclui tanto a parte física quanto a psicológico. “O tratamento deve estar alinhado com as necessidades da mulher, levando em conta as queixas, a faixa etária, se têm ou não os filhos, se pretende ter, etc”, frisou a especialista.