No ‘Dia mundial de Combate ao Suicídio’, comemorado nesta sexta-feira, 10, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que, a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo e a cada três segundos, alguém tenta tirar a própria vida. São 800 mil mortes por essa causa ao ano, um número para refletir e derrubar a tese de que ‘falar sobre o tema, pode estimular a prática’.
“É um assunto que deve ser abordado, exposto e tratado como uma questão de saúde pública, com a criação de políticas de prevenção e o fortalecimento da rede de apoio, pois atinge pessoas de todas as idades e classes sociais”, destaca a psicóloga da Associação Segeam (Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas), Quézia de Freitas.
A campanha ‘Setembro Amarelo’, criada nos Estados Unidos e trazida para o Brasil em 2015, busca chamar a atenção para a problemática. O movimento ganhou força a partir de 2020, com a chegada da pandemia da Covid-19, que levou parte da população a praticar o isolamento social, que teve como consequência secundária, o aumento de casos de depressão, um dos principais fatores de risco para o suicídio.
*Fatores de risco*
Segundo Quézia Freitas, além da depressão, os problemas amorosos ou familiares, o uso de drogas, alcoolismo, bullying, traumas emocionais e os diagnósticos de doenças graves, também podem levar a pensamentos negativos. “Destacamos, ainda, que as crises financeiras, perdas familiares/luto, além de grandes decepções, como perda de emprego, o desespero e a desesperança, entre outros, podem contribuir para a depressão, e criando um ambiente propício que leva a pensar que a vida não valer mais à pena”, explicou.
*Sinais e ajuda*
Conforme a especialista, algumas pessoas dão sinais claros de que precisam de ajuda, mas são ignoradas, pois “é muito difícil achar que alguém conhecido vá tentar tirar a própria vida. Por isso, é algo tão chocante para a sociedade quando acontece”.
Ela alerta que frases como: “Eu quero sumir”; “Seria menos trabalho para minha família”; “Não aguento mais essa vida”; “Sou um peso para minha família e amigos”, são, na verdade, um grito de socorro. Pessoas que promovem a autoagressão e a automutilação, também devem procurar ou ser encaminhadas para ajuda profissional.
A equipe habilitada para ajudar, em casos como esses, é multidisciplinar, e inclui, além de psicólogos e psiquiatras, profissionais da assistência social, entre outros. “O que muita gente não sabe é que a rede de apoio psicológico vai muito além dos profissionais da saúde. Ela inclui amigos e familiares, que são extremamente importantes no processo de fortalecimento da saúde mental”, afirma Quézia.
Na rede pública de saúde, Quézia destaca a atuação dos CAPs (Centros de Apoio Psicossocial), que vêm contribuindo para a saúde mental da população, com o resgate da autoestima, tratamento e acompanhamento. O Centro de Valorização da Vida (CVV), também tem se mostrado uma importante ferramenta de prevenção ao suicídio. O projeto funciona 24 horas por dia, através do telefone 188.